Transa - Igor Bueno
Dedicado à Fernanda
Vestir-te nua em mim
É de íntima sangria
É fome de mais tu
Quando as dobras do sentir
Tomam corpo, secam o copo
Convidam a invasão
Vazamo-nos com vida
Transantes suores,
Cada gota que me come
Atentas ao que faz jus ao delírio.
O tempo partiu deixando teus seios
Que bom que hoje os toco.
As mãos jamais lhes caberão,
Mesmo neste discorrer poético
És livre e teu leite tão terroso
Que a Terra te alimenta de tu.
No desejo que traga o deleite
Brasa na boca, nuca em chama,
Clama arrepio,
Mar de gozo, chove na cama
Eu rio!
Margem das nuvens,
Escorre,
Quase sufoca de afago,
Afogo em fogo, sou lago
Nossas mãos entrelaçam
Por vezes nos caçam,
A sede, secura de sóis
A sós.
O que é ardente, ao dente
Não mente
Serpenteia quente, labareda
Tu traga a seda
Eu trago o poema
O peito queima.
Que gema!
É vez da heresia
Estilhaça a vã cortesia
Sacro ventre em poesia
À ela nos – deliciosamente,
Reverenciamos.
Nestas veias saltadas,
Galhos de sangue
E utopias na copa,
Armamo-nos:
Sonhos de uma manhã de outono,
Por um amanhã.
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