Ecossistemas (em travessia) - Igor Bueno
É, você parece estar seguindo, feliz
E eu aqui, tentando.
Vagarosamente me salvando aos poucos
Percebendo o que sobrou
Acreditando estar mais forte
Cada dia sendo um dia.
Mas você segue - como gostaria um pouco desta facilidade
De não olhar para quase nada..
Vejo e sinto profundamente suas passagens,
Novos encontros,
Outros horizontes,
Vivas promessas por outros nomes,
Que me agradam e desagradam
Mas para que isso importa
Num solo onde já morreu a companhia?
Lido comigo.
A foice do corte no tempo
Pela decidida ausência ainda que ferozmente, feridamente e pelo que melhor habita em mim (desta amorosidade que sou na qual logo tua voz, justo a tua, buscou apagar), felizmente, te sinta e te ame,
Declaro insistentemente a mim:
É bem vinda a desistência desta raíz chamada de nós onde plantei minha fé mais profunda.
O luto enquanto escolha mais saudável
A incompreensível saudade caminhando rasgando para a finitude,
Me abraça a morte e a vida.
O ontem ainda me habita
O amanhã me faz crer que cada hoje é uma vitória.
Tem vezes que o adeus demora.
Mas não renunciarei me escolher
Desta vez, carregar unicamente o peso do próprio corpo
Para abrir-me em liberdade
Pois sou tão vivo quanto cria da felicidade
E esta origem constitui meu caminho mais fecundo.
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