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Brincadeiras poéticas (1)

Através de palavras escolhidas por amizades em uma enquete virtual, escrevi estes cinco poemas. Todos poemas de minha autoria - Igor Bueno.


Louva Deus


Dedicada à João Pedro Baute


Eu não sei se Deus te pôs

Pra ensinar a humanidade

Já que em tuas mãos dispôs

A reza e a foice de jade


Teu corpo verde de umbu

Tem até no kung fu

Vieste d'outro planeta

Surfando em um cometa


A Deusa que mata o homem

Para sustentar a cria

Se tu louva lobisomem

Nem com terço de inseticida


Louva Deusa, cai o rei

Louva Deus, cai a rainha

A floresta louva a lei

E quem louva a vida, alinha


Praia


Dedicada à Lívia Vargas


Tem dias que meu corpo de areia recebe o mar.

Parte de mim se vai na imensidão de outras partes,

Depois do horizonte, já não sei de mais nada

E nas profundezas o mistério me contém.


As brisas que sustentam gaivotas,

Remontam cabelos, pegadas, memórias

E o sol me cola suas impressões, (ouro que nos bronzeia),

Vejo tanta gente habitando uma só moradia...


Deve ser por isso que praia gera felicidade.

Por vezes o mar é sereno, outras braveja e afunda paisagens,

Mas sempre salgado, benze, sem distinção,

Pois é muito maior que um coração humano.


Fogo


Dedicada à Antonio Vito


Quando busco uma chama dentro de mim,

Neste ir e vir chamando teu nome,

Mesmo que um chá amargo eu tome

Meu peito se faz chamariz no jardim.


A tessitura do fogo e o alento dos pulmões

São brasas de um ar que acende moinhos,

Tua língua labareda me consumiu seis corações

Mas a lua me inebria felino por novos caminhos.


Se gostar de ilusões me leva a parir erupções,

Advindas do centro da Terra no magma mais quente,

Eu me confesso ser errante entre fogueiras e paixões,

Num borbulhar de mares que ao sol fecunda sementes.


Sereia


Dedicada à Cybelle Young


Na proa da ponta do pé nasceu uma cauda de rocha,

Fusão de mulher com mar, um parto da imensidão,

Seu canto é pérola preta de profunda concha,

Soprando as ondas de quem navega na escuridão.


As histórias em suas escamas são camadas do sentimento,

Piratas, carrancas, prisões, lágrimas, sonhos e solidão,

O que vive e o que morre escorre em seu vasto movimento,

Guardiã das inundações, tesouros na fina tez da retidão.


Ser que rege erê, Iaiá, reis e quem mais será, ela é sereia,

O amor transbordante das léguas, reinante das ilhas e das previsões,

Pelos tempos eu peço que oriente o leme da humanas veias,

Para que o mar seja destino dos prantos aflitos nos corações.


Tempo


Dedicado à Driele Fuentes


Certa vez perguntei ao tempo se ele tem gosto,

Ele disse que tempera a vida com sabores relativos às plantações.


Disse para eu sentir o sabor de minhas pálpebras fechadas,

Imaginar o pulsar das eras,

Relacionar as sociedades vividas e sua relatividade científica!


Perceber como o caldeirão da ilusão move passagens,

E a descoberta do fogo é um suspiro em retalhos de sua tessitura.


O tempo é de abraços fugazes embora constantes.

Se faz tão presente quanto leva partes de mim,

É absorvido e encaixotado nas especificidades.


Temido e consagrado, permite adjetivar a existência!

Imprevisível e realizado,

Nosso mais silencioso e perceptível companheiro.


Isto aqui e algo do intraduzível o tempo me contou num sussurro de vida,

Onde me desloquei para fora dele quando viramos amigos

E ao retornar, viramos amantes.

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