A Morte - Igor Bueno
Cair, muitas vezes é cavar
Para caber o ir
Saudar a base da terra,
O solo de teu abismo,
Confiar na ceifa e poda
Quando a vida vira ida,
Precisa partir.
A morte embala nos braços e sorri.
Como retribuir?
À beira da incompreensível felicidade.
Loucura sair da vida, nascer do fim...
Da cova quanto vale a volta?
Dói muito a ida? Ser par, parte... Partida?
Aperta o peito,
Aperto mais que de perto
Dentro do profundo.
O primeiro ar de vida é também o primeiro ar de morte.
Quando alguém escapa dela
É porque dela está parindo
Viveu
E virou cria da eternidade,
Das memórias incontáveis.
Matou a saudade do amanhã.
Desarma o tempo da morte,
Desmama o seio de si,
Decanta a angustia do tempo,
Derrama o copo da vida
E bebe o que há de beber.
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